Inconsciente

A descoberta do inconsciente é uma das maiores dos últimos tempos. Mas como o reconhecimento da nossa realidade inconsciente implica um processo honesto de autocrítica, além de uma reorganização de vida, muitas pessoas continuam a comportar-se como se nada houvesse acontecido. É preciso muita coragem para levar o inconsciente a sério e enfrentar os problemas que ele desperta. E se a maioria das pessoas é por demais indolente para refletir sobre os aspectos morais de seu comportamento consciente, não há de ser a influência exercida pelo inconsciente que vai perturba-las. (JUNG, 2008, p. 233)

Amor e poder

O maior ponto de conflito entre um casal está na tensão gerada pela colisão entre as energias do amor e do poder, levado pela tendência que temos de focar em apenas uma destas posições, o que torna difícil dar a cada um destes sentimentos o seu devido valor. A união destas forças levaria a verdadeira síntese de um relacionamento, ao passo que dirigir esta energia para apenas um deles leva a desunião e consequentemente o seu fim.
Podemos considerar isto a partir das palavras de Robert A. Johnson (1996. p. 75): "O poder sem amor torna-se brutal; o amor sem poder é insípido e fraco".

O sonho e o processo de individuação

Os sonhos dizem respeito, em grau variado, à vida de quem sonha, mas também que são parte de uma única e grande teia de fatores psicológicos. A nossa vida onírica cria um esquema sinuoso e se observarmos esse desenho durante um longo período é possível perceber a ação de uma espécie de tendência reguladora ou direcional oculta, gerando um processo lento e imperceptível de crescimento psíquico, o qual Jung chamou de processo de individuação. A partir dai surge, gradualmente, uma personalidade mais ampla e amadurecida que, aos poucos, torna-se mais consistente e perceptível mesmo para outras pessoas.
Esse crescimento psíquico não pode ser efetuado por esforço ou vontade consciente, e sim por um fenômeno involuntário e natural, ele é frequentemente simbolizado nos sonhos.
O centro organizador de onde emana essa ação é o self, que pode ser definido como um fator de orientação íntima, diferente da personalidade consciente, e que só pode ser apreendido por meio da investigação dos sonhos de cada um. Ele pode emergir de maneira insuficiente ou então desenvolver-se de modo quase completo ao longo da nossa existência; o quanto vai evoluir depende do desejo do ego de ouvir ou não as suas mensagens.
Por meio dos sonhos o self envia estas mensagens, que se o homem estiver receptivo a ouvi-lo se tornará um ser humano mais completo. Sobe certa perspectiva, esse processo ocorre no homem de maneira espontânea e inconsciente; é um processo pelo qual subsiste a sua natureza inata, porém, em sentido estrito, o processo de individuação só é real se o indivíduo estiver consciente dele e, consequentemente, mantendo uma ligação viva com ele. Mas o homem, certamente, é capaz de participar de maneira consciente do seu desenvolvimento.
O processo de individuação é, na verdade, mais do que um simples acordo entre a semente inata da totalidade e as circunstâncias externas que constituem o seu destino. É como se algo estivesse nos olhando, algo que não vemos mas que nos vê - talvez o self através dos sonhos, nos vem dizer o que pensa a nosso respeito. (JUNG, 2008, p. 210-216)

Incio

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Sinval Moraes